O papel da literatura na construção da identidade cultural

A relação entre os dois países tem sido assunto de debate relativo às suas identidades, sejam semelhantes, diferentes ou paralelas (Flynn, 2001; Sobral, 2003). As suas histórias sobrepostas forneceram motivos frutíferos para conflito sobre aspetos mais específicos da definição nacional. Esses meios, portanto, criam novas narrativas culturais que são moldadas por dinâmicas contemporâneas, como justiça social, empoderamento e inclusão, e disseminam essas histórias rapidamente, tornando-as parte do discurso cultural global. Essas novas narrativas globais estão moldando não apenas as políticas e práticas de sociedades ao redor do mundo, mas também a forma como os indivíduos se identificam dentro de um contexto global. Em vez de pertencer a um único grupo ou nação, as pessoas agora podem adotar uma identidade global, conectada a movimentos e causas que transcendem fronteiras e criam uma nova noção de pertencimento. As novas narrativas globais, impulsionadas pelas mídias digitais e por movimentos sociais, estão transformando a identidade das sociedades contemporâneas de maneiras profundas.

A forma como nos expressamos e como somos expressados pelos outros pode influenciar profundamente a nossa percepção de nós mesmos e dos outros. Por exemplo, se uma pessoa é constantemente chamada de “burra” ou “incapaz”, é possível que ela comece a acreditar que realmente é assim. Da mesma forma, se alguém é elogiado por suas habilidades e qualidades, isso pode reforçar sua autoestima e confiança. [4] O poder administrativo da nação estendia-se desde Portugal até à Índia (Goa, Damão e Diu), China (Macau), Ásia Oriental (Timor Leste), África (Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe) e América Latina (Brasil).

Embora esses novos formatos ofereçam oportunidades, também podem diluir a profundidade e a riqueza da experiência literária tradicional. As mídias sociais têm desempenhado um papel cada vez mais significativo na formação da identidade das pessoas nos dias de hoje. Com o advento das plataformas digitais, é possível compartilhar e consumir conteúdo de forma rápida e ampla, o que influencia diretamente na construção da imagem que cada indivíduo quer transmitir para o mundo. Neste artigo, exploraremos essas questões e analisaremos como as mídias sociais podem afetar a maneira como nos percebemos e nos relacionamos com os outros. A diversidade e a representatividade na literatura infantil são fundamentais para garantir que todas as crianças possam ver a si mesmas e suas experiências refletidas nas histórias que consomem.

Essas narrativas globais estão redefinindo a forma como as sociedades contemporâneas entendem seus valores e suas responsabilidades, ao mesmo tempo em que inspiram ações coletivas em escala global. Essas narrativas também são cruciais para a construção do imaginário coletivo, ou seja, a maneira como as sociedades se veem e se compreendem. Ao contar e perpetuar suas histórias fundadoras, os povos desenvolvem um senso de propósito e identidade que transcende o tempo. Esses mitos são constantemente recontados em festas, celebrações e rituais, criando uma conexão emocional entre os indivíduos e sua história.

A cultura de massa, portanto, não só reflete as preocupações sociais do presente, mas também molda as normas e os valores que influenciam o comportamento coletivo. Essas narrativas modernas, criadas pela mídia de massa, são amplamente consumidas e rapidamente integradas às identidades culturais das sociedades contemporâneas. A partir do século XX, a indústria cultural passou a ser uma das principais fontes de narrativas que moldam a vida contemporânea.

As identidades sociais não são produtos acabados, mas sim processos em evolução, influenciados por uma história que é continuamente revisitada e reinterpretada. Em conclusão, as mídias sociais desempenham um papel significativo na formação da identidade dos indivíduos. No entanto, é importante utilizá-las de forma consciente e saudável, buscando um equilíbrio entre a vida real e a vida virtual para preservar a saúde mental e promover uma autoimagem positiva. Os griots são responsáveis por preservar as histórias das comunidades, transmitindo as linhagens, genealogias e eventos históricos que moldaram a vida das tribos. Eles são vistos como guardiões da memória cultural, garantindo que a sabedoria do passado seja passada adiante. Eventos como a Primavera Árabe e o movimento #MeToo exemplificam como a comunicação em redes sociais pode catalisar ações coletivas capazes de influenciar reformas políticas e sociais significativas.

1. Como as narrativas culturais se adaptam às mudanças históricas, sociais e políticas

Os contos de fadas, as fábulas e as histórias de folclore são frequentemente as primeiras interações das crianças com a literatura. Essas narrativas, cheias de personagens como o Saci e a Iara, não apenas entretinham, mas também ensinavam valores e tradições que moldaram minha percepção de quem eu sou. Com o advento das tecnologias digitais, a literatura passou a se expandir para novos formatos, como os e-books, blogs literários, plataformas de autopublicação e redes sociais literárias. Essa literatura digital democratizou o acesso à escrita e à publicação, permitindo que mais vozes sejam ouvidas e que as narrativas sejam compartilhadas em tempo real com um público global. Nesse cenário, surgem novas formas de criação de identidades coletivas, onde leitores e escritores de diferentes partes do mundo podem se conectar, discutir e co-criar narrativas que refletem suas realidades contemporâneas. Além disso, as redes sociais desempenham um papel crucial ao dar visibilidade a histórias locais em escala global.

Como a memória coletiva molda a identidade de um povo ou grupo social?

Quando as crianças não encontram personagens que se pareçam com elas ou que vivam experiências semelhantes às suas, podem sentir que suas histórias e identidades são menos valiosas. A literatura infantil diversa e inclusiva ajuda a combater esses sentimentos, promovendo a autoaceitação e o empoderamento desde a infância. Por meio dos personagens, enredos e dilemas apresentados, as histórias infantis ensinam às crianças os princípios fundamentais que norteiam o comportamento humano, como a honestidade, a coragem, a solidariedade e a resiliência. Clássicos como O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry e As Aventuras de Pinóquio de Carlo Collodi são exemplos de como a literatura infantil pode ser uma ferramenta para a formação de valores éticos e morais.

Em vez de desaparecer, muitas histórias locais podem se adaptar e evoluir, incorporando novos elementos sem perder seu núcleo essencial. Essa transformação permite que as narrativas continuem a ressoar em um contexto moderno, mantendo sua relevância e garantindo sua continuidade. Um exemplo disso é a música pop contemporânea que incorpora ritmos e tradições locais, como no caso de artistas que trazem influências da música tradicional africana ou ritmos latinos para o mainstream global. Esse fenômeno ajuda a preservar identidades culturais, ao mesmo tempo em que permite que essas culturas se adaptem e prosperem em um cenário codigo bluetv globalizado.

O Papel das Narrativas na Construção da Identidade Coletiva

Entretanto, o sistema de ensino fora adaptado de forma a glorificar a nação portuguesa e os seus territórios ultramarinos centenários. A sustentabilidade também emergiu como uma narrativa global central, à medida que a crise climática se intensifica. Essa narrativa defende a proteção do meio ambiente e a transição para práticas mais sustentáveis, promovendo a ideia de que todos os seres humanos têm a responsabilidade de proteger o planeta.

  • Essas histórias servem como marcos de identidade, fornecendo um senso de propósito, legitimidade e continuidade histórica para um povo.
  • Contudo, a proliferação de informações também traz à tona questões sobre a qualidade e veracidade dos conteúdos disponíveis.
  • À medida que as nações modernas começaram a se formar, particularmente a partir dos séculos XVIII e XIX, a literatura emergiu como um veículo poderoso para expressar e reforçar a ideia de identidade nacional.

Encoraje os alunos a continuarem a contar e compartilhar suas histórias, valorizando sua bagagem cultural e educativa. A perspectiva construtivista enfatiza que a identidade coletiva confere aos atores um interesse na preservação de sua cultura. Wendt argumenta que os interesses coletivos significam que os atores fazem do bem-estar do grupo um fim em si mesmo, o que, por sua vez, ajuda a superar os problemas de ação coletiva que afligem os egoístas (Wendt, 1999, p.337). Isto implica que, quando os estados compartilham uma identidade coletiva, eles estão mais inclinados a cooperar e a buscar o bem-estar do grupo como um todo. Ao contrário das identidades individuais, a identidade coletiva é formada através da interação entre múltiplos atores, geralmente Estados, que compartilham características, valores e objetivos comuns. Esta identidade não é estática, mas dinâmica, evoluindo conforme as relações entre os atores se desenvolvem.

2. O impacto da modernização e da globalização na perda ou transformação de narrativas locais

A população em geral, na sua maioria analfabeta, assimilava estas representações ao mesmo tempo que se ressentia da nação de facto por razões económicas, sociais e emocionais, já que “os seus rapazes” tinham que navegar para o ultramar para lutar nas guerras coloniais. Paralelamente, pequenas minorias das elites instruídas sustentavam a ideologia do Estado ou revoltavam-se contra ela – na medida do possível, dada a censura e o papel ativo da polícia política, conhecida pelo acrónimo PIDE – questionando a dita “missão” portuguesa nas colónias. Sendo este o caso, o domínio forte da ditadura fora construído sobre uma ideologia que propunha o conceito de Portugalidade e o expansionismo ultramarino, bem como a ideia de família e da religião católica. Portanto, “perder África” na década de 1970, a última posse política e simbólica do império ultramarino, era (e ainda é para alguns setores da população) a grande perda de uma nação que permaneceu incapaz de encontrar-se (Ferreira, 1993 p. 173). Muitos portugueses encaravam os territórios ultramarinos e Portugal como eternamente ligados através da língua e cultura portuguesas[7].